Mal-estar na infância: por uma perspectiva da desmedicalização do sofrimento infantil
DOI:
https://doi.org/10.47385/cadunifoa.v14.n41.3087Palavras-chave:
, psicanálise, desmedicalização, mal-estar, sofrimentoResumo
A progressiva patologização e medicalização dos sofrimentos psíquicos, principalmente aqueles que recaem sobre a infância, tem sido uma tônica contemporânea. Na busca de respostas eficazes para a eliminação radical do mal-estar, dos sofrimentos e dos dissabores da vida, a infância tornou-se alvo de massivas intervenções medicamentosas profiláticas com vistas a extinguir qualquer vestígio de anormalidade. Entretanto, a excessiva obsessão por detectar indicadores de anomalias, diagnosticar precocemente tudo aquilo que foge ao roteiro da normalidade pode também suprimir as diferenças e capturar as diversas formas de ser criança. Se, por um lado, constatamos a proliferação massiva de critérios diagnósticos, por outro, a partir da clínica, observamos o enclausuramento das crianças nos imperativos contemporâneos de sucesso, saúde perfeita e bem-estar. Nesse sentido, torna-se necessário interrogar qual é o espaço designado ao mal-estar infantil na atualidade. Com vistas a aprofundar essas reflexões teóricas, este estudo visa discutir fatores que estão jogo na tessitura do mal-estar na infância como as noções de medicalização, os paradigmas contemporâneos e a transformação do sofrimento em adoecimento psíquico.
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