Uma visão histórica da relação entre os mitos e a ciência: da Grécia arcaica ao Século XIX
Palavras-chave:
mitologia Grega, método científico, Devir, Sócrates, Platão, NietzscheResumo
Hesíodo, poeta e escritor grego, do século VIII A.C., descreve a genealogia dos deuses em sua obra Teogonia, e mostra a relação dos homens com a natureza dos deuses, onde se insere o mito dos heróis. Homero, historiador contemporâneo de Hesíodo, escreve os épicos, Ilíada e Odisséia, relacionados com a guerra de Tróia, que teria ocorrido no século XII A.C.. Homero apresenta de forma mais detalhada a relação entre os deuses, os homens e os heróis da Grécia Arcaica. Estas relações, esta forma de ver o mundo, diferente do nosso modo atual de ver e de apreender o mesmo, é fruto da noção de que tudo está em constante transformação, oriundo do denominado devir Heráclitiano, e preconiza que o tempo nunca começou e que nunca vai acabar (o tempo alimenta a si mesmo!). De fato, o grego arcaico, e pré-socrático, não concebe o conceito de verdade e tem um desconhecimento, natural, de como a vida é, e não carrega consigo o sonho de dominar e controlar a natureza, atributo dos deuses, apesar de ter uma ligação muito forte com a mesma através das artes, da guerra e do próprio corpo. Para o grego antigo, o mito apresenta-se como uma necessidade de entender e representar o mundo em que vive. Sócrates, Platão e Aristóteles eliminam o processo extremamente rico do devir, onde a vida ainda se encontra presente no pensamento. Este novo sistema introduz o conceito de que o mundo pode ser apreendido através da interpretação racional, ou seja, através unicamente do pensamento. Esta maneira de enxergar as relações do homem com o mundo abre as portas para a pretensão de dominar e controlar os fenômenos naturais, possibilitando a criação, através de renascentistas, como Copérnico, René Descarte, Galileu Galilei e Isaac Newton, do método científico. Método que tem uma influência e repercussão poderosa na sociedade moderna e contemporânea. Trata-se, evidentemente, de um novo paradigma, uma nova forma de pensar, mas não única. Este racionalismo, esta forma de entender o mundo é criticada de forma veemente pelo filósofo alemão, Nietzsche, que viveu entre 1844 e 1900. Para Nietzsche, o racionalismo, este novo paradigma, este novo modo de “pensar” o mundo, que suprime a necessidade do mito, possibilitou ao homem criar uma imagem muito superior de si mesmo, e este “Modelo de Homem” não existe, e nunca existirá.
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