A NATURALIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA E AS DIFICULDADES DO RECONHECIMENTO DOS SEUS SINAIS.
DOI:
https://doi.org/10.47385/praxis.v13.n26.1742Palavras-chave:
Violência Obstétrica, Planejamento Familiar, Direitos Reprodutivos, Autonomia feminina.Resumo
O presente artigo sustenta o objetivo de discorrer sobre a Violência Obstétrica como uma expressão da violência contra a mulher, considerando as desigualdades estabelecidas pelos papeis determinados para homens e mulheres na sociedade. Serão apresentados dados que reforçam que a violência institucional pode mascarar a identificação dos atos e condutas que caracterizam a Violência Obstétrica, sendo este um dos fatores que dificultam o reconhecimento das mulheres enquanto vítimas deste tipo de violência. Outro fator determinante para este processo consiste na inexpressiva quantidade de legislações promulgadas para o combate deste tipo de violência no Brasil. Diante deste contexto, serão apresentadas algumas informações obtidas por meio da realização da pesquisa “Violência Obstétrica e a Violação de Diretos Reprodutivos”. Onze mulheres participantes de um programa de orientação à gestante em um Município do interior do Estado de São Paulo foram convidadas a participar desta pesquisa com características qualitativas. O objetivo geral da pesquisa consiste na identificação da ocorrência e quais os tipos de violência estão presentes nos discursos de vivências dos processos de pré-natal e do fenômeno do parto das mulheres que participam deste programa. Os relatos das mulheres apontam que parto representa um momento propício para a disseminação da violência, pois as usuários dos serviços de Saúde tendem a ter sua autonomia negada em detrimento das desigualdades apontadas anteriormente. Para que a Violência Obstétrica possa ser superada, torna-se necessário ampliar as legislações específicas e possibilitar que a população tenha acesso aos seus direitos, para que estes possam ser exercidos em respeito à autonomia e à dignidade humana.
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