Contradições de classe e a transformação da realidade: o recorte da Violência Obstétrica
DOI:
https://doi.org/10.47385/praxis.v13.n2sup.1735Palavras-chave:
Violência obstétrica, poder, cidadania, transformação social.Resumo
A Violência Obstétrica se caracteriza por condutas profissionais desumanizadas, ações abusivas e danosas à integridade física e psicológica de gestantes, desrespeito à autonomia e medicalização do parto, fatores que interferem diretamente nos processos reprodutivos das mulheres, transformando o parto em um evento patológico, opressor e traumático. O período gestacional e o momento do parto são marcados pelo processo de naturalização da violência contra a mulher, movimento que se posiciona intrinsecamente relacionado às relações desiguais de gênero, que envolvem aspectos culturais, históricos e socialmente construídos na sociedade. A consolidação do Planejamento Familiar representa um passo decisivo na ampliação da cidadania feminina, porém, se confronta em instâncias políticas, econômicas e ideológicas de poder. Deste modo, a Violência Obstétrica foi abordada com base em um estudo qualitativo e método dialético, sendo evidenciada pela entrevista de onze mulheres que compartilharam suas vivências sobre esta temática. A abordagem teórica desta pesquisa foi embasada no referencial do Materialismo Histórico e Dialético, sendo realizadas aproximações com a Pedagogia Libertadora, de Paulo Freire e com as discussões de Michel Foucault sobre a economia política do corpo e o poder de punir. A interligação entre estas ideias se esbarram, respectivamente no debate sobre a luta de classes, a busca de soluções para superação das desigualdades por meio da conscientização para transformação da realidade e a relação de poder que embasa o saber. Os resultados da pesquisa apontam que as consultas de pré-natal, o momento do parto e o pós-parto favorecem a violência contra a mulher em decorrência da relação desigual estabelecida entre profissionais e as usuárias dos serviços de saúde. As mulheres não identificam as Unidades Básicas de Saúde como espaços de disseminação de informações que possam favorecer seu fortalecimento para a identificação e o combate à Violência Obstétrica. As relações de poder que envolvem os processos de parto e a inexpressiva promulgação de legislações específicas contribuem para que a identificação das vítimas seja dificultada, o que favorece que este tipo de violência seja propagado na sociedade.
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