Aspectos quantitativos do comportamento de defesa da perereca-da-folhagem Phyllomedusa rohdei Mertens, 1926

Autores

  • Felipe Ennes UNIGRANRIO

DOI:

https://doi.org/10.47385/cadunifoa.v12.n34.435

Palavras-chave:

Amphibia, anura, predação, encolher-se, tanatose

Resumo

Estratégias anti-predação desenvolvidas por anfíbios anuros são variadas e podem ser observadas isoladamente ou em combinação com outros comportamentos. O comportamento de tanatose e encolher-se (do inglês "shrinking") são exemplos de exibição corporal, onde os indivíduos se mantêm imóveis, fingindo-se de morto, confundindo e/ou enganando predadores. Phyllomedusa rohdei é uma perereca conhecida por adotar o comportamento defensivo de encolher-se, inclusive no ato de manuseio do indivíduo. O objetivo deste estudo é analisar a influência de diferentes características (horário, grau de atividade, altura do poleiro, distância para o indivíduo cantor mais próximo, tamanho, massa, condição física e condição climática da noite) na adoção ou não deste comportamento no momento de captura do indivíduo, bem como a influência das características analisadas no tempo que cada indivíduo permanece imóvel. Foram analisados um total de 18 machos. Nenhuma fêmea foi capturada e apenas dois machos permaneceram ativos após a captura (ou seja, eles não ficaram parados). Todos os outros adotaram a estratégia de encolher-se quando manuseados. Em média, cada macho permaneceu imóvel por 163,5s. A análise de regressão mostrou que nenhuma das variáveis bióticas e abióticas influenciou significativamente o tempo que os machos permaneceram imóveis. No entanto, quando analisadas separadamente, a altura do poleiro foi negativamente correlacionada com o tempo de imobilidade. Considerando que os machos mais ativos ocupam os poleiros mais elevados da vegetação, porque estes seriam os locais com a menor degradação do sinal acústico ou porque esses poleiros são os melhores pontos de observação da área à procura de fêmeas, esses machos poderiam estar mais estimulados, de modo que permaneçam menos tempo imóveis. Sugerimos que machos nestas condições (em sítios de vocalização mais elevados e, possivelmente, mais favoráveis) voltem mais rapidamente as suas atividades após serem perturbados.

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Publicado

03-10-2017

Como Citar

ENNES, Felipe. Aspectos quantitativos do comportamento de defesa da perereca-da-folhagem Phyllomedusa rohdei Mertens, 1926. Cadernos UniFOA, Volta Redonda, v. 12, n. 34, p. 97–104, 2017. DOI: 10.47385/cadunifoa.v12.n34.435. Disponível em: https://unifoa.emnuvens.com.br/cadernos/article/view/435. Acesso em: 24 dez. 2024.

Edição

Seção

Ciências Biológicas e da Saúde