(Re)leituras de Shakespeare: adaptação de obras literárias para o cinema como prática de leitura
Palavras-chave:
Literatura, cinema, adaptação, leitura.Resumo
A partir do estudo da adaptação cinematográfica de obras literárias para o cinema como processo de leitura, investigamos de que forma se desenvolveu a prática de produção de sentidos na adaptação de Hamlet, obra prima de William Shakespeare, em versão realizada por Michael Almereyda (2001). Almejamos argumentar que as adaptações, cada vez mais presentes no momento sociocultural em que vivemos, são obras independentes de seu texto base, configurando-se como (re) leituras – obras de arte autônomas – de um texto preexistente. O objetivo de nosso trabalho é, então, verificar como uma obra do cânone ocidental, especificamente Hamlet, de William Shakespeare, foi adaptada dando origens a uma nova obra, contemporânea em essência, que difunde, por meio da (re) criação e (re) escritura, visões do cânone a novas audiências, novos leitores – ou telespectadores – em um novo contexto, o cinematográfico. A análise foi realizada por meio de estudo comparativo entre as duas obras, a literária e a cinematográfica, com base nos princípios interacionais do processo de leitura – entendido aqui como um processo comunicativo em que autor-leitor estão envolvidos na negociação e construção dos significados do texto situacionalmente. Concluímos que o processo de adaptação é mais do que um simples ato de transposição ou tradução. Observamos que a nova obra, a cinematográfica, não é uma cópia fiel do seu texto-base moldado e aplicado à nova mídia, mas sim o resultado de um processo de produção de sentidos. Por fim, ao considerarmos o filme adaptado do texto dramático uma (re) leitura de um texto base, negamos, então, as tradicionais críticas direcionadas a esse tipo de produção, criticas como as baseadas no conceito fidelidade. Para a realização de nosso trabalho, adotamos como principais pressupostos teóricos a teoria da adaptação de HUTCHEON (2006), os apontamentos sobre leitura e (pós-) modernidade de CORACINI (2005) e a crítica contra o discurso da fidelidade de STAM (2000).
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